sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Paredes


Em meio a estes
Arranha-céus de luzes ofuscantes
Minha mente vagueia
Por entre paredes de tijolos descobertos
Que choram de miséria.

Paredes vizinhas, coladas
Separadas por finas vielas tortas
Cheias de sonhos e fantasias.

Paredes tristes,
Amedrontadas com o terror
Da vida que vivem sem querer.

Com essa vida
Que se leva nestas paredes
Só mesmo mergulhando na cerveja
Com uma única forma de alegria.

O Samba, música esta
Que enche nossa alma
De alegria e esperanças
Fazendo-nos esquecer
Dos prédios lá fora.

À Margem da Realidade


Vivendo à margem da realidade
Esta sociedade
Que vive trancada
Selada
Numa redoma
E ainda reclama
Do pivete no sinal
Da violência no jornal.

Inclusão digital
Inclusão animal
Com ração importada
E a criançada
Na calçada
A mão estendida
Sem uma chance na vida
Mas o melhor amigo do homem
É o cachorro
Que não pede socorro
Num olhar.

Mas o que esperar
De uma sociedade
Que alimenta detento
Mas não alimenta o futuro
Deitado no frio
Sem dar um pio
À noite
Sob o açoite
Do vento
Ao relento
Com um único amigo
O umbigo.

Com a única certeza
Do nada
E a tristeza
De ser só mais um número
Que vai bater
À sua janela no sinal.

Maior Amigo


Se a chuva vem barrenta
Descendo sedenta
Querendo te tirar à força
A vontade de viver.

Não perca a fé
Continue de pé
A cabeça erguida
Pois não perdeste o mais precioso
A vida.

Muitas vezes sofrida
Outras vezes maldita
Mas seja como for
A maior dádiva do criador.

A dor é forte
Enorme é o sofrimento
Mas não há um só momento
Em que estejas totalmente só.
Terás sempre uma mão amiga

Alguém com quem contar
Cuidando da tua ferida
Pronto a te confortar.

Mesmo que não percebas
Estará sempre contigo,
Mesmo que não reconheças
O teu maior amigo.

Partida


Jazigo
Abrigo
Eterno
De terno e gravata
Da alma
Que lá não mais está
Partira
E deixara a família
Triste
Mas ela persiste
No dom
Continuando em frente
Pois o caminho é longo
E apesar dos tombos
Viver é bom.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Recompensa


Tanto esforço
Tanto trabalho
Muitos não entendem o porquê
De percorrer este caminho árduo.

Tudo isso! Dizem,
Por um instante apenas
Não fazem idéia, porém
De nossas recompensas.

 
É um desafio realmente,
Que leva ao extremo
O nosso corpo
E nossa mente.

 
Mas a aurora
Ao romper de um novo dia
Enche nossos corações de alegria
Outrora nos castigava o frio
Agora esta beleza que nos causa arrepio.


domingo, 8 de agosto de 2010

SOPRO

Vida é um sopro
Sopro que vai com o vento

Que sopra nas primeiras folhas
Todos os dias.
Que sopra por bala perdida
Por bala encontrada
No corpo, na alma
Alma despedaçada
De quem fica.
O que pra um vale muito
Pra outro
Muito pouco
Triste conclusão
Desta torta evolução.
Ficamos com a pior parte
A saudade
Do sopro que outrora
Soprava em nossa face
Embaraçava nosso cabelo.
Agora que o sopro
Se foi no vento
Ficou a chuva
Que rega esta mesma face
Mas não floresce o sorriso.
Essa chuva só irriga a tristeza
De quem só tem a lembrança
Pois a esperança...
Essa já foi, com a bala, perdida.